quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Motores flex – Qual a diferença?

Recentemente, quase 100% da frota brasileira vem sendo produzida com motores flex fuel, que rodam com qualquer proporção de álcool (etanol) e gasolina. E, apesar de no mercado desde 2003 (VW Gol Total Flex), ainda surgem dúvidas de como realmente esses carros funcionam e quais as vantagens e desvantagens de usar cada combustível.
VW Gol Total Flex 2003 – Primeiro flex do BrasilAo contrário do que muita gente pensa, a tecnologia flex surgiu nos EUA no início da década de 90, para combater a dendência de combustível dos países do Oriente Médio através do E85 (mistura 15% gasolina e 85% álcool). A deficiente produção de etanol, (que lá é feito a partir do milho) freou a produção. Já no Brasil, acostumado com o uso do álcool proveniente da cana-de-açúcar desde a década de 80, essa idéia pegou. Ainda mais com o incessante combate às emissões poluentes, preocupação com o aquecimento global e busca por novas fontes de energia.
O motor flex pode rodar com dois combustíveis basicamente porque um computador ligado ao motor e à uma série de sensores mede propriedades dos gases emitidos e define qual a proporção de cada combustível que está sendo usada, controlando o motor da maneira mais efetiva para aquela situação.

Para o consumidor, a principal razão para escolher um combustível ao invés de outro está no bolso. O álcool chega a custar metade do preço do que a gasolina. Se o que se busca é apenas economia, deve-se multiplicar o valor da gasolina por 0,7. Se o resultado for mais barato que o álcool, deve-se usar gasolina. Caso contrário, álcool.

Mas existem mais diferenças entre os dois combustíveis. O álcool proporciona uma maior potência para o motor, que, em contra partida consumirá mais (isso significa menos km/l). A gasolina, por sua vez, tem propriedades lubrificantes melhores do que a do álcool, o que foi solucionado com os carros flex tendo algumas peças feitas de diferentes materiais que satisfaçam a circulação dos dois combustíveis dentro do motor. Outra adaptação significativa foi a criação de um mini-tanque de gasolina para partida do carro em baixas temperaturas, já que, o álcool, quando está frio, não favorece a partida do motor. Esse mini-tanque deve ser checado constantemente pelo usuário, pois se a gasolina dentro dele envelhecer e criar uma goma, poderá entupir o sistema. E caso esteja vazio, a partida pode não acontecer. Tirando essas adaptações, um carro flex é basicamente o mesmo que um carro que funciona somente com gasolina. Recentemente foram introduizidas no mercado algumas motos com motor flex, que ainda não são tão populares quanto os colegas de quatro rodas. Existem também os motores tetrafuel (álcool, gasolina brasileira (que tem 20% de álcool), gasolina pura (como a existente em outros países da América Latina e da Europa) e gás natural veicular, o GNV.

O Brasil, por sua vez, tornou-se referência mundial nessa tecnologia. Com toda a gasolina e álcool que precisa para sua frota produzidos internamente, o país deve se tornar um dos maiores exportadores de petróleo e etanol nas próximas décadas.

(C. Dimov)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Controle biológico de pragas

Atualmente, ações sustentáveis passaram de modismos a indispensáveis em uma considerável parte das atividades. E isso claramente se aplica ao setor agropecuário, onde se busca sustentabilidade ambiental e econômica – entre outras. Uma das correntes que se mostram mais promissoras é a relacionada a pesquisas com controle biológico de pragas em alguns tipos de cultura.
Dois dos seres vivos mais pesquisados têm sido os fungos Beauveria bassiana e Metharizium anisopliae. Esses apresentam, em pesquisas, altos índices de sucesso no combate a vários tipos de “pragas”, como carrapatos e outros tipos de insetos, agindo como parasita interno dos mesmos, assim pertencendo ao grupo dos fungos entomopatogênicos; algumas das culturas em que se destacam combatendo pragas das mesmas são: cana-de-açúcar, soja e café (as três importantíssimas ao setor primário da economia brasileira). É interessante notar que esses fungos se instalam com facilidade, mesmo nos seres vivos possuidores de carapaças (existem algumas espécies de besouros que são sérias pragas em algodoeiros, por exemplo).
Além de economicamente viável, segundo pesquisas vêm concluindo (os fungos entomopatogênicos são tidos como “promissores” em artigos que tratam do assunto), esse tipo de utilização desses fungos pouco polui o ambiente e a natureza, não deixando resíduos químicos nos futuros alimentos e também na água e no solo, e também não afeta agentes polinizadores e protege a biodiversidade – daí a sustentabilidade ambiental alegada.
Parece que há pouco investimento por parte tanto de empresas públicas como privadas no avanço de pesquisas que levem à utilização em grande escala desse tipo de serviço (soluções sustentáveis ambiental e economicamente no controle biológico, sempre que possível, e também sua interação com outras formas de combate às pragas), e, portanto o mercado consumidor em potencial é altíssimo, além de todo o peso da inovação que será buscada (certificações ambientais reconhecidas e viabilidade para aplicações em larga escala).

(G. Serra)